dois cantos
PALACETE PINTO LEITE, PORTO, 2015

© Créditos fotográficos: Tiago Madaleno
Inversão do salto do feijão mexicano (2015),
Madeira (pinho e MDF), película aderente, fita cola, água, tina de plástico, cordel, sabão e pigmento amarelo, 100 x 110 x 98 cm
Vista da exposição colectiva Reunião, Palacete Pinto Leite, 2015

© Créditos fotográficos: Tiago Madaleno
Inversão do salto do feijão mexicano [quando a peça de sabão condensa no interior da vitrina impedindo a visibilidade] (2015),
Madeira (pinho e MDF), película aderente, fita cola, água, tina de plástico, cordel, sabão e pigmento amarelo, 100 x 110 x 98 cm
Vista da exposição colectiva Reunião, Palacete Pinto Leite, 2015

© Créditos fotográficos: Tiago Madaleno
Mapa (2015),
Grafite, marcador, tinta acrílica, gesso acrílico, carvão sobre tela, 346 x 150 cm
Vista da exposição colectiva Reunião, Palacete Pinto Leite, 2015

© Créditos fotográficos: Tiago Madaleno
Amanhecer (04-09-2015) (2015),
Impressão a laser sobre papel de jornal, moldura de madeira, 33 x 41 cm
Vista da exposição colectiva Reunião, Palacete Pinto Leite, 2015
"Canta-se que 49 marinheiros invadiram uma casa de banho específica, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com o pressuposto de enviar uma Imagem através de dois lavatórios contando que dessa forma ela chegaria ao mar.
Canta-se que, desses 49 homens sincronizados, dois deles possuíam braçadeiras, uma de cor azul e outra amarela, e que seguravam com ambas as mãos à frente do corpo, como um padre desfilando o texto sagrado, uma Imagem cada um, da estrutura dos carreiros de uma máquina de semear luz. Canta-se que, desses 49 elementos, um deles possuía um trompete, seguro ao pescoço por um cordel negro. Que após entrar na casa de banho, subiu a um pequeno degrau, colocando o seu corpo acima do chão, empoleirado entre o degrau e o tecto. E que aí começou o troar, o ritmo da cerimónia. E os restantes marinheiros entraram.
Canta-se que, se não fosse o excesso de elementos da Marinha Portuguesa no interior do espaço, que tornavam a cerimónia oficial pela sua presença, talvez o pouco público tivesse visto o que aconteceu depois. Lamentavelmente, esse excesso impediu ver o que decorreu, relegando a compreensão do evento, como a temos hoje, para o boato, para a especulação, para a tradução do que poderia ter acontecido."
(in Tiago Madaleno, Clepsidra - Imagem, Documento e Acção, 2016)
Os trabalhos presentes na exposição coletiva Reunião (2015) partem todos da mesma premissa: rememorar aquele evento, tendo em conta que não houve qualquer registo fotográfico ou videográfico. Procurava-se pensar o problema da produção de documentos para além da autenticidade que esses meios tecnológicos poderiam conferir, problematizando de que forma a relação simbólica e retórica entre meio e imagem trariam novos ângulos para considerar essa questão: o que acrescenta a linguagem da pintura à perceção quando utilizada como ferramenta para documentar? Pode um objeto ser mais verosímil na recuperação da memória de um evento pelas suas propriedades materiais? De que forma o contexto onde são apresentados os documentos influencia a sua perceção e subsequentemente influencia a perceção do evento documentado?
Nesta proposta de reencenação através da utilização de documentos, procura-se que estes mantenham uma das principais propriedades daquela performance: a sua ânsia pela invisibilidade, por permanecer rumor.
Laboratório das artes, guimarães, 2016
© Créditos fotográficos: Tiago Madaleno

© Créditos fotográficos: Tiago Madaleno
Dois Cantos (2014-2016),
Dois atlas com desenhos, pinturas, fotografias e maquetes.
Vista da exposição colectiva Complexion I, Laboratório das Artes, 2016
