um som que chega tarde a uma imagem
Fórum Maia, porto, 2025

© Créditos fotográficos: Hugo Adelino
Um som que chega tarde a uma imagem, como duas mãos que se fecham (2025),
Intervenção site-specific desenhada para corredor constituída por tinta magnética sobre vidro, ímanes, quatro cartazes (tinta magnética sobre acetato) e recortes (tinta magnética sobre acetato).
Dimensões de cada cartaz: 101,8 x 68,6 cm
Vista da instalação na Bienal de Arte Contemporânea da Maia 2025.
Um som que chega tarde a uma imagem propõe-se a conceber cartazes para um filme imaginário - um road-movie em torno de um casal que procura construir uma ideia de casa no estar em viagem. Uma ficção sem enredo que navega por entre o desejo de alcançar uma ideia de felicidade partilhada e a autoconsciência alienante dos limites da linguagem com que cada um traduz a sua realidade. Invocando a imagem de cartazes que aspiram a ser cinema, ao invés da sua mera alusão, reflete-se sobre o desfasamento entre percepção e linguagem, experiência e descrição, evento e tradução.
(para ver a primeira versão deste trabalho, instalada na Galeria Dínamo: um som que chega tarde a uma imagem pt.1).
A convite da Bienal de Arte Contemporânea da Maia 2025 foram concebidas duas peças para dois locais envidraçados: uma estufa e um corredor.
Para a estufa, foram desenhados três cartazes com cola branca que invocam a mira técnica televisiva, um recurso que permite a calibração da imagem nesses dispositivos. Num jogo entre dentro e fora, visibilidade e invisibilidade, a imagem surge como um obstáculo visual à natureza enclausurada, ao mesmo tempo que aparenta ser uma manifestação da própria vegetação - uma espécie de mensagem respirada que se condensa no vidro.
Para o corredor envidraçado, quatro cartazes que utilizam a imagem de um quebra expandem-se para além dos seus retângulos ocupando as janelas do túnel. Como se segurassem os vidros apesar das rachadelas, um conjunto de mãos de casais vão aparecendo ao longo do corredor. Explora-se uma construção simétrica, onde o desenho de luz solar ao longo do dia sugere a possibilidade de um encaixe entre as duas paredes envidraçadas. O magnetismo da tinta transforma-se num dispositivo simbólico - como se esse poder de atração pudesse de facto fazer coincidir as imagens das duas paredes, instaurando um fundo negro pós-filme.


