PAREDES BRANCAS
centro de arte Oliva, São João da Madeira 2024
© Créditos fotográficos: Dinis Santos / Centro de Arte Oliva
Paredes brancas (marca d'água) (2024),
Impressão giclée em papel de parede prepasted e tinta acrílica sobre parede.
Dimensões totais da instalação: 453,3 x 340 cm.
A obra Paredes Brancas foi desenvolvida a convite de José Neves, Luís Pinto Nunes e Susana Lourenço Marques para a exposição Portugal Ano Zero: livros de fotografia da revolução (2024), que esteve patente no Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira.
Este trabalho parte de uma peça de teatro sem nome que foi escrita e encenada por um grupo de crianças de um Centro Popular em Castro Verde, no Alentejo. A propósito da realização de uma reportagem sobre o pós 25 de Abril, (A White Wall in Alentejo (1977)), a BBC capturou um ensaio desta peça, o único registo existente. Para a apresentação desse excerto com a duração de 4’05’’ no contexto da exposição, a Getty Foundation, atual gestora do arquivo da BBC, propôs a cedência de direitos de reprodução no valor de 1000 libras por minuto. Paredes Brancas surge da impossibilidade do projeto expositivo cobrir esse valor avultado e da ironia por detrás desta situação, que acaba por espelhar algumas das questões centrais à peça e ao documentário da BBC, como as da privatização da cultura e as dificuldades de acesso que daí advêm.
O documentário A White Wall in Alentejo termina com a performance de um pintor que executa uma imagem de Che Guevara na parede branca de uma casa no Alentejo. Ouve-se o narrador dizer: “A parede branca no Alentejo foi pintada. O símbolo irá permanecer. A não ser que o dono da terra e tudo aquilo que ele representa regressem.” [tradução minha].